Cultura e Feminismo

3 livros sobre presidiárias que você deve conhecer

15 de outubro de 2018

author:

3 livros sobre presidiárias que você deve conhecer

Ouvindo o Iradex Podcast #124 me deparei com a indicação do livro Prisioneiras, do Dr. Dráuzio Varella, que fala sobre a rotina nos presídios femininos e me interessei pelo tema. Com esse interesse li o Prisioneiras e mais dois livros, o Cadeia: Relatos sobre Mulheres da escritora Débora Diniz e o Presos Que Menstruam, da Nana Queiroz.

Ouça sobre o assunto em nosso Ep #010 Mulheres no sistema prisional

Os três livros mostram que a mais traumática das diferenças entre o cárcere feminino e o masculino é a relação com a família já que ao cumprirem suas penas apenas 1,6%* dos maridos mantêm vínculo com as internas nas cadeias. Eles nos levam a fundo na árdua vida daquelas mães, irmãs, filhas, que são abandonadas assim que colocam os pés numa prisão.

Algumas das histórias contadas nesses livros são de mulheres que foram presas levando drogas para seus maridos na cadeia ou até mesmo ajudando no tráfico, para conseguir dinheiro para sustentar a “cadeia” de seus companheiros, e que logo após a prisão foram abandonadas.

A saúde mental das presas é um tema que é falado nos três livros, vemos histórias de presas que desenvolvem depressão, síndrome do pânico e ansiedade ao se verem sozinhas, sem contato com os filhos e que muitas vezes não tem o tratamento correto para seus distúrbios mentais, o que leva a taxa de suícidio ser maior entre o cárcere feminino do que o masculino.

Outro tema falado é sobre o quão mais difícil é a vida das lésbicas e dos transsexuais. Os livros nos mostram a luta que é para os casais lésbicos terem direito a visita íntima, que ainda é proibida em muitos presídios do país, e o quanto as transsexuais sofrem para serem aceitas como são, já que são tratadas como mulheres e muitas vezes despidas de seus direitos sociais após serem presas.

A temática desses livros me chamou atenção pois além de nos trazer uma realidade diferente da que vivemos, eles dão nomes, histórias, cor e alma para as presidiárias do nosso país. Foram inúmeros os capítulos em que terminei de ler com o choro preso na garganta. São leituras necessárias que nos mostram o quão precária e degradante é a situação dos presídios femininos e que além de serem abandonadas pelos seus familiares essas mulheres são praticamente esquecidas pela sociedade e pelo estado.

*Dados referentes ao ano de 2015 da SEAP – RJ.

Thayná Lomba. Fazedora de coisas na internet e procrastinadora na vida real.

Só de ouvir, dá pra ver que é diferente.