Filme: Mary Shelley (2018), um filme sobre a criadora de Frankenstein
Mary Shelley, recém chegado à Netflix, é um filme de 2017 que conta a história real da autora de Frankenstein e sua jornada de abandonos e perdas, tendo como pano de fundo seu relacionamento com o poeta Percy Shelley, que serviu de inspiração para sua obra-prima – cuja autoria só foi reconhecida na segunda edição.
Nascida Mary Wollstonecraft Godwin, a escritora britânica era filha do filósofo William Godwin e da feminista e escritora Mary Wollstonecraft, de quem já falamos aqui. Aos 16 anos, Mary se envolveu com Percy Shelley, legalmente casado, o que não foi impedimento para que decidissem viver juntos – um escândalo para a sociedade londrina do século XIX. Herdeira da impetuosidade e tão a frente de seu tempo como sua mãe, Mary Shelley recusava viver a configuração social e política de sua época, bem como o papel atribuído às mulheres, e sua obra reflete os ideais liberais e reformistas nos quais acreditava.
“Frankenstein ou O Moderno Prometeu” ficou conhecido como uma das mais importantes obras da literatura de terror e cultura popular ocidental e é considerada a primeira obra de ficção científica da história; o romance relata a história de Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais que constrói um monstro em seu laboratório. O que o filme nos revela é como a vida e o sofrimento de Mary Shelley em uma sociedade misógina e conservadora foram a maior história contada através da metáfora da criatura, criador e sua ruína.
Dirigido pela saudita Haifaa al-Mansour e escrito por Emma Jensen, a cinebiografia atesta mais uma vez o quanto a representatividade nos bastidores é necessária para compor o olhar de uma história a partir do ponto de vista do protagonismo feminino. No papel de Mary Shelley, Elle Fanning transmitiu com muita competência a complexidade da mulher cujas experiências formaram, membro a membro, um dos mais importantes nomes da literatura fantástica e uma criadora que vai muito além de sua criatura.